sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Entrevista com Júlio Trois

Idealizador da Ludo Brasil Magazine, o blog Strategos entrevista Júlio Trois
Só há pouco percebi que esta é a nossa centésima postagem . Esperamos continuar crescendo e trazendo mais participantes para este maravilhoso hobby que são os jogos de tabuleiro.
Qual sua formação e como se interessou por jogos de tabuleiro?
Sou formado em Administração de Empresas, sou escritor (já publiquei 4 livros, sendo 3 na área de tecnologia, pela editora VisualBooks e, 1 sobre regras de jogos de cartas, que disponibilizo gratuitamente em meu blog), sou designer "amador" de jogos, sou casado, tenho dois filhos (um de 6 anos e outro de 9 meses), tenho 37 anos e, sempre gostei muito de jogos, minha infância e adolescência foram jogando jogos da Grow e da Estrela, e depois, jogando muitos jogos de cartas. Depois de adulto resolvi montar uma ludoteca para mim, comecei a comprar todos os jogos nacionais que conhecia, me deparei então com a realidade de todos, as poucas opções, aqueles jogos dos anos 80 e 90 não existiam mais... então no final de 2007 eu estava procurando na internet por outras opções de jogos e encontrei a Ilha do Tabuleiro e o Board Game Geek, foi fantástico, conheci um mundo de jogos que desconhecia... depois disto a paixão só aumentou, comprei jogos importados, comecei escrever resenhas para um blog que eu tinha, até que culminou com a criação da Ludo Brasil Magazine neste ano.

2. Como é o cenário dos jogos na sua cidade (grupos de jogos, encontros, etc...)? 
Bem, eu sou de Porto Alegre/RS, mas retornei recentemente, pois morei em 2010 em Campinas/SP, então, ainda não tive muito tempo para me engajar nos grupos de jogos, mas sei que em Campinas havia dois ótimos grupos, um grupo liderado pelo Wagner e outro pelo Tiago da Ceilikan. Aqui em Porto Alegre, há um grupo forte, o GamersPOA, liderado pelo Bira, que inclusive fez o primeiro evento aberto em um shopping e, pelo que sei, foi um sucesso. Infelizmente hoje minha agenda de trabalho é uma loucura, trabalho de segunda a segunda, então ainda não consegui me engajar no GamersPOA, mas espero em breve participar do grupo.

3. Qual sua experiência como designer de jogos? 
Eu diria que ainda sou um aspirante a designer... hehehehe, meus primeiros jogos eu lancei em 2008, mas ainda eram adaptações de outro jogos, tanto que nem os mantenho mais on-line, depois voltei a projetar em 2010, criei um lote de 4 card games, que considero mais elaborados e, em 2011 entrei em minha "3ª geração de jogos", lançando o board game Farrapos, um jogo para 2 jogadores que se ambientaliza nos 10 anos da Revolução Farroupilha. Acredito que com o Farrapos consegui encontrar meu "rumo" de design, fiquei muito satisfeito com o jogo, tanto no tema histórico, como na arte e como na mecânica, tenho recebido um feedback bem legal sobre ele, tanto na Ilha do Tabuleiro como no BGG. Estou trabalhando agora em uma coleção de jogos que se chama "Guerras Brasileiras", que serão board games ambientalizados nas guerras que nosso país participou. O primeiro jogo será sobre a Guerra do Paraguai, o maior conflito armado da história da América do Sul, espero em breve lançá-lo.
Atualmente todos os meus jogos são print & play, penso que se não posso lançá-los comercialmente, não devo engavetá-los, então os disponibilizo gratuitamente, mas claro que ainda sonho com a publicação do Farrapos, recebi algumas sondagens de fabricantes independentes, mas ainda não passou disto, mas como falo, a esperança sempre permanece!
Quem desejar conhecer meus jogos, e meu livro sobre regras de cartas gratuíto, estão todos disponíveis em meu blog.

4. Como você vê o crescimento do hobby entre participantes e empresas brasileiros? 
Apartir de 2008 houve um bom crescimento, iniciativas como a Ilha do Tabuleiro, a Ludus Luderia, Prêmio JoTa, e os diversos grupos de jogos, como Castelo das Peças, JogaSampa, dentre outros, foram a força motriz que impulcionou este mercado, mas na minha visão o ano de 2011 é histórico, pois tivemos o lançamento de muitos jogos, tanto pelos principais players do mercado como pelos publishers independentes, tudo isto, conjugado, criou um cenário promissor para nosso mercado, mas o grande desafio é fazer com que isto não seja fogo de palha, mas sim o início de uma nova Era.

5. Como surgiu a ideia para a revista Ludo Brasil Magazine e por que a opção de lança-la on-line? 
Desde que descobri este universo em 2008 comecei a procurar por conteúdo editorial sobre jogos de tabuleiro, lí todas as edições da Ludo (espanhola, que acabou), da Strategos (brasileira, que acabou ou está suspensa), e outras revistas espanholas, italianas e americanas, mas todas acabaram... eu via um enorme hiáto neste mercado, então comecei a pesquisar sobre o assunto, me deparei com pouquíssimas revistas no mundo, a famosa SpeilBox (alemã) e as digitais Isla (italiana), Win (austíaca), Thru the Portal (inglesa) e a Token (espanha), mas todas tinham o mesmo problema, o idioma, então a idéia de criar uma revista em Língua Portuguesa foi fomentando em minha mente.
No início de 2011 achei um tópico "moribundo" no fórum da Ilha do Tabuleiro sobre o assunto, a idéia então voltou com força, reabri o tópico, mas infelizmente recebi mais pessimismo do que apoio... então resolvi que deveria partir da teoria para a prática, comecei contactar vários colaboradores pelo país e em menos de 60 dias a 1ª edição estava no ar, hoje olhando para o passado ví que tomei a decisão certa.
Com relação a versão ser on-line é fruto de um estudo de viabilidade que fiz, levando em conta nosso público de nicho, as possibilidades de distribuição, custos, logística, etc, além de que atualmente a maioria das revistas estão migrando para versões on-line, resolvi adotar este modelo de negócio, acredito que re-inventar a roda não é o correto, se revistas e jornais do mundo todo estão cancelando suas versões impressas e optando por versões 100% digitais, não seria eu, com um orçamento baixíssimo, que iria fazer diferente.

6. Como é o trabalho de criação de cada edição? Você tem colaboradores ou é uma atividade totalmente sua? 
Opa! Sozinho? Não, a Ludo Brasil Magazine é fruto do esforço de muitas pessoas, meu trabalho é de coordenação de todo trabalho e a edição final. Basicamente deixo meus colunistas livres para escolherem os jogos a serem analisados nos reviews, para escolherem os temas de seus artigos, eu escrevo a coluna Ludo Analisa, faço as entrevistas do Repórter Lúdico (personagem que criei em 2008 na Ilha do Tabuleiro), escolho os jogos a serem encartados na área de Print & Play e faço as vezes algum review. O Diego Possamai é o responsável pelas matérias internacionais, eu e a Sabrina coordenamos a parte de design, e eu trabalho também na parte de contatos institucionais com os fabricantes nacionais de jogos... Todo o material me é enviado até o dia 25 e cada mês, depois eu anexo a minha parte e começo a montar a estrutura visual da revista, revisando os textos, selecionando fotos, editorando cada página... este é um processo que normalmente demora uns 10 dias.

7. Com seis números lançados, você considera que a revista já esteja consolidada?
Pode parecer um pouco arrogante, mas acredito que já nos consolidamos, mantemos um excelente contato com os fabricantes nacionais, tendo o reconhecimento destas empresas, desde a 1ª edição conquistamos vários empresas para anunciar em nossas páginas e, mesmo nosso espaço publicitário sendo barato, nenhum empresa gasta sua verba publicitária em algo que não acredita... Recebemos ótimos feedbacks de nossos leitores, além de mantermos uma "audiência" elevadíssima e em crescimento, e segundo meus estudos, apesar do idioma, somos a revista digital sobre jogos de tabuleiro mais lida no mundo... só não tenho os nºs da SpielBox para comparar, mas eles são impressos, mas mesmo assim, acho que não fazemos feio!
Outro fator importante, é o fato de sermos regulares, faça chuva ou faça sol, todo o mês nossa revista está no ar, isto mostra ao mercado nossa seriedade, isto combinado com uma linha editorial séria e positiva, é o segredo de nossa consolidação. Obviamente que ainda temos muito que melhorar, tanto na qualidade editorial como visual, precisamos conquistar anunciantes, pois temos custos, apesar de muitos acharem que não, mas tenho certeza que caminhando passo-a-passo chegaremos lá!

8. Há a intenção de lançar uma versão impressa? 
Ainda não vislumbro esta opção, acho que é remar contra a realidade do mercado editorial, não só do Brasil como do exterior. Certamente não teremos revistas em bancas de jornais, mas quem sabe em um futuro tenhamos venda de assinaturas impressas, inclusive sendo gratuíta, mas para isto precisaríamos de um aporte de algum fabricante de jogos, possibilitando o pagamento dos custos de produção e envio, já ví este modelo em uma revista sobre Poker (Flop), então viável é, só é preciso encontrar quem queira "patrocinar" este projeto.

9. Na sua opinião, o Brasil pode se tornar um grande mercado consumidor de jogos de tabuleiro? O que falta para isso acontecer? 
Na minha opinião ainda temos uma visão míupe deste mercado, vejo as pessoas reclamando que não encontram jogos europeus a venda nas lojas de "brinquedos" ou nos supermercados, como ocorre com nossos jogos, mas isto não ocorre nem na Alemanha, o segredo são as lojas especializadas, assim que estas lojas começarem a "pipocar" pelo país, o mercado irá crescer. O mercado de board games é de nicho em qualquer país do mundo, não há mercado gigante nem na Europa nem nos Estados Unidos, a diferença é que nestes países há um processo de divulgação maior, há muitas lojas especializadas, isto tudo conjugado, criou um mercado de nicho forte.
Mas estamos no caminho, já temos um portal sobre jogos (Ilha do Tabuleiro), uma lista (BGBr) vários blogs, uma locadora de jogos (FunBox), um bar temático (Ludus), loja on-line (ArtGames), muitos eventos, uma revista sobre jogos (Ludo Brasil Magazine), publishers independentes, vários designers (inclusive premiados), o Prêmio JoTa, além de excelentes jogos lançados em 2011.
Se seguirmos neste ritmo, em 2012 cresceremos mais e, quem sabe em 3 ou 4 anos, tenhamos um mercado de nicho consolidado, gerando emprego, e difundindo nosso hobby.

10. Considerações finais. Deixe seu recado.
Convido todos os seus leitores a conhecer nosso trabalho (http://ludobrasilmagazine.blogspot.com), que votem no Ludo Award (http://ludoaward.blogspot.com) escolhendo o melhor jogo lançado no país, que divulguem em seus blogs e grupos de jogos a revista, pois a Ludo Brasil Magazine não é do Julio, mas de todos nós, somos uma parte desta engrenagem que fará nosso mercado crescer! Agradeço a oportunidade de falar com seus leitores e convido quem desejar contribuir com textos para a revista, que nos contate!

Um comentário:

  1. Opa Obrigado ae pela citação amigo...
    Sabes que é mais que convidado pra jogar coagente...
    Braços
    Bira

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